segunda-feira, 11 de abril de 2011

GOZAR E TCHAU

span style="font-weight:bold;">O garotão-conhecido-na-academia vestindo só uns toques de água-de-colônia se debruçou sobre ela e ela quase tinha esquecido como era o peso-e-cheiro de um componente do sexo oposto. Somava sessenta a idade dos dois, sendo dezenove dele e o resto para ela. Quarenta e um mas com cintura nos conformes, do jeito que era dez anos antes. E por falar em passados, comemorava seis meses de separada.
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Lembrou disso exatamente enquanto via a cabeça avermelhada do rapaz brilhante pela borracha envolvida e desaparecendo entre a tira de pelos escuros entre suas coxas, o dono dela abrindo a boca e jogando o pescoço pra trás. Feliz aniversário – se disse.
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Convidara o garoto para uma pizza inocente, nada demais e quarenta minutos afastava as coxas para a entrada dele. Seguiam o ritual sai-e-entra, pontuado pelos gritos, roucos os dele, finos os dela, que se alternavam como num ensaio. Esquisito, pensou: depois de duas décadas abrindo as pernas para o mesmo, abrir as pernas para outro, e riu.
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Não se tocavam, ou quase. O rapaz se apoiava com as mãos no sofá vermelhaço, e se aproximava e afastava como fazendo exercício. Ela lhe apertava as nádegas, mas em geral só se tocavam no que interessava. Não havia amor, só vontade de devorar um ao outro. Experiência nova para ela. E não desagradável. Depois de anos de só-com-amor, experimentar uma gozar-e-tchau.
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O garotão não agüentou o calor e umidade dela e em meia dúzia de minutos uma faixa de creme branco lhe atingia até um bico rosado.
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Mas não foi tchau. Na hora do tchau ela já queria de novo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os três

Casal-dos-quarenta, nova fase, vontade de aventuras para a monotonia não mastigar tudo. Surge idéia; Por que não a três? No começo, divertido, ele ri. Por que não? Tudo abstrato, fantasia-para-transa.

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Mas um amigo apresenta um primo que tem outro amigo que tem um colega – e este último é perfeito – educado, não quer compromissos, idade certa e vinte centímetros bem contados. O marido não acredita: acaba de desligar o telefone onde chamava um homem para agasalhar-se na doce xoxota que ele desvirginara um par de décadas atrás.

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No Aphodit´s, nome idiota, quarto para três. O garotão não negou fogo. Os vinte eram vinte centímetros mesmo, à prova de qualquer régua. O marido pisca os olhos meia dúzia de vezes. Aquele é a mesma do casamento? Os olhos a brilhar como diamantes, os dentes da boquinha de batom-vermelho-putinha a rasgar o plástico da jontex, ela parece ter vinte anos a menos. Quase virgem. Ele não acredita, pensa ser sonho-quase-pesadelo, pisca mais quatro vezes para acordar.

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Não era. As mãos de unhas vermelhas empurram as tiras da tanga, as coxas se afastam, um triângulo de pelos marrons se define – e se aproxima da cabeça arroxeada do cara, bobalhão com o espetáculo, mas em perder a dureza. Dois bobalhões. Ela mandando em tudo.

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A cabeça de um dos dois, a do garotão, desaparece engolida pelo triângulo. A esposa, transformada em adolescente, revira o olho e dá uivinho. O marido se divide: metade quer se jogar pela janela e a outra quer bater uma e produzir muito creme gozando o espetáculo.