Dizem que as mulheres são mais
machistas que os homens – bem, as mulheres, não sei. Mas Teresa minha gata o é
com certeza – ao menos, mais machista que eu.
Sorte grande tive eu, João
Marcos, que muitos não: namoro com mulher apaixonada, alucinada, e a-tesão-nada
por mim. Teresa me bota o ego lá em cima: tenho a tora grande, os ovos
pendentes, e os pelos do peito de deixar maluca – diz ela. E eu diante disso
meto nela a explodir-lhe a cabeça.
Sempre bola fantasias: ora eu sou
um sultão (e ela odalisca) ou cafetão (e ela uma puta recém-contratada).
Veio-me com uma nova – eu sou o auge da masculinidade – diz. Sou isso e sou
aquilo. Sou tão homem que só chegarei ao auge do másculo se o utilizar noutro
homem.
Fiz-me de desentendido e nem
havia tanto o que desentender: ela não queria me ver transando com outro homem,
muito menos “fazendo amor” (isso lhe dava nojo). Mas queria me ver comendo
outro cara. De preferência um mais novo. E repetiu: eu meteria nele. E não
levaria nada. Ficaria bem marcado quem era o “homem” e quem era a “mulher”
(Teresa é bem machista, não?).
No primeiro dia a ideia me
pareceu absurda ao exponencial; no segundo, algo estranho que nunca iria
acontecer; no terceiro, só uma fantasiazinha; no quarto e nos outros esqueci o
assunto. Até que Teresa me veio com a novidade: uma festa de um vizinho de
cunhada de amiga a fez conhecer um certo Henrique: 21 anos completados uma
semana antes, estudante a morar só na
capital , aberto a experiências.
Gelei. Como as descidas de bungee-jumping, uma coisa é sonhar,
outra é enrolar a corda e se jogar lá embaixo.
Pedi tempo para pensar mas depois
pensei que se pensasse demais iria dizer bye
à oportunidade. Disse à minha namorada que topava um bar, e mais nada.
Coloquei uma sunga bem colada, e
outra de reserva – afinal, alguém podia vê-la. Noite de terça, fomos lá.
Henrique me surpreendeu –
cabelinho alourado à la Beatles, um jeans interessante, jeito de cara bem
másculo – nada do fresco que eu nos meus preconceitos esperava. Mas confesso
que aquilo tudo me irritava – afinal, por interessante que fosse, o cara era
outro macho – até que vi umas lourinhas e flertar com ele. Ele correspondeu –
sorrisos para lá e para cá. As lourinhas gostaram.
E eu também – pensei – um cara
tão homem, atrai gatas bonitas – mal sabem elas que eu posso comer esse cara. Teresa
pareceu adivinhar meus pensamentos e me fez trocar de lugar na mesa, nos
colocando num canto, e juntos. Bem juntos na verdade – pernas a roçarem.
E nada acontecia – até que pensei
que, se eu era o macho dali, eu tinha de fazer as coisas acontecerem – e minha
mão pousou em sua coxa, coberta pelo jeans – e começou a passar a mão pela coxa
do cara.
Algo aconteceu – senti o volume
entre as pernas dele crescer. Não vão se
beijar – disse Teresa, a adivinhar o que me pipocava na cabeça.
E ninguém fez mais nada – quer
dizer, até chegar ao quarto. Mandei o cara tomar banho – não ia aturar cheiro
de homem – e pela infinitésima vez dizia a Teresa que não garantia nada – ela
me fez carinha de claro, claro, como quem pouco acredita.
Eu ainda terminava de ouvi-la
quando Henrique apareceu na porta do banheiro – jeito de desajeitado – e a
vestir só um cordão de ouro. Fazia muito tempo que não via tão frontalmente
outro homem pelado – os pelos do cara que se derramavam do peito até o umbigo e
depois dela, a envolver o instrumento a pender sobre os bagos, o esquerdo mais
baixo que o direito.
Ele me pareceu tão surpreso
quanto – e que também me surpreendei ao pensar Vamos definir se esse cara topa mesmo uma – e abri e botei meu
conjunto para fora, inteiro. Henrique duplicou
os olhos de tamanho e ficou lá a olhar abobalhado.
Mas nem tudo ficava parado. Entre
suas pernas algo deu dois pulinhos, depois decidiu-se e cresceu, primeiro na
diagonal, depois querendo a horizontal. Em um tempo que me pareceu infinito eu
entendi a situação. Um homem estava de pau duro – por minha causa.
Decidi que iria fazer algo a
respeito – e fiz voar meus restos de roupa – e fiquei pelado na frente dele –
até que foi a de outra coisa dar sinal de vida – o instrumento decidiu imitar
uma verga de aço – e cresceu e ficou em posição para tal. Eu, João Marcos, e Henrique,
éramos dois homens nus um com o pau a apontar o outro. Teresa se recolheu a um
canto e meteu a mão debaixo da minissaia e da calcinha, em uma siri. Agora o
show era nosso.
Henrique se ajoelhou. Eu o ouvi murmurar um enorme antes de engolir a cabeça rosada.
Claro, não era a primeira vez que me chupavam a rola – tenho duas ex-esposas e
algumas ex-namoradas. Fechando os olhos, delirei e passei a mão nas costas dele
e continuei – e percebi que, se não era a primeira vez que alguém me chupava,
era a primeira vez que alguém me chupava e esse alguém tinha uma barra dura
entre as pernas. Isso era novidade.
Puxei-o pela cintura e senti o
medo dele ao olhar para minha rola – dezoito centímetros, com um certo calibre,
e o cara pensava como ia ser. Minha mulher sentiu o sonho dela em perigo e
disse Seja Homem. Levei-o para a mesa
pesada na sala, as nossas rolas a balançar, e o dobrei-o apoiado na mesa.
E era o momento da decisão. Havia
outro macho nu de costas na minha frente. Eu devia decidir se fazia ou não.
E decidi.
Percorri minhas mãos no corpo
dele, a começar das coxas. Esfreguei meu instrumento nas costas dele enquanto
ele me acariciava os bagos. Eu senti os bicos do peito dele, ele se esfregava
contra minha rola.
Era a hora de levar a sério. Agarrei-o
pela cintura.
Henrique gemia baixinho enquanto eu pressionava-o
contra mim, pouco conseguindo. O rapaz realmente parecia virgem. Aquilo me
encheu de vontade de ser o primeiro. Decidi deixar delicadezas de lado, segurei
com delicadeza de metalúrgica e mandei ver.
O cara deu quase um pulo, e um
grito a nos ouvir do outro lado do motel. Mas deu certo. Meu pau penetrava o
corpo de outro homem. Eu João Marcos, 46 anos, metia em um cara chamado Henrique,
21 anos. Pela primeira vez na minha vida, a outra pessoa não tinha boceta –
havia apenas quatro ovos e dois paus – e nenhuma periquita.
O cara gritava e eu o fazia ver o
que era dar para outro homem. Ele gemia
quipariuporra e eu não me importava nada. Tudo o que eu queria era meter
naquele cara. Naquela cara. Naquela princesa. Naquela boneca. Teresa tinha
razão – eu me sentia tremendamente homem, metendo noutro homem.
Os gritos dele quase coincidiram
com os meus, e senti na mão os jatos de iogurte quente do cara – e sem pensar
passei na boca dele, sem esquecer de levar um pouco à minha. Pouco depois ele
ajoelhado (ou ajoelhada?) estufou as bochechas com meu leite.
E assim tudo aconteceu como minha
namorada queria, exceto por uma coisa. Eu fora completamente homem, tudo estava
certo. Mas decidi que era injusto que isso ficasse assim. E como sou um homem
justo, fiquei de quatro na frente dele e rebolei um pouco. Agora, era a vez
dele ser completamente homem, não era mesmo?