sábado, 13 de novembro de 2010

Começou como brincadeira

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Começou como brincadeira. E continuou como brincadeira. Nos fundos da academia de taekwondo, depois dos pontapés e hematomas, longe de olhares de homens, aliás longe dos quaisquer olhares, ninguém lembra quem teve a idéia de ficar só de calcinha e convidar alguma outra para uma briguinha-de-mentirinha – aliviada pelos acolchoados pelo chão e pelo fato de ser de mentirinha. Uma dava uma surra-de-mentirinha na outra e a perdedora-de-mentirinha gritava “Pára, pelamordeDeus, tem piedade! Eu faço tudo o que você quiser!” entre as gargalhadas próprias e das outras.

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Claro, nessas lutinhas rolava muita mão e coxa de mulher em lugares que a Nossa Santa Sociedade afirma que só deve rolar mão de macho. Mas eu tenho a filosofia: uma mulher está a fazer amor com outra mulher? Então as duas gostam de menina. Não estão fazendo? Então nenhuma das duas merece o esquisito nome de lés-bi-ca, por mais que pareçam estar fazendo.

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Tatiana, a Tatí, não era muito temida no Taekwondo mesmo, ela geralmente apanhava. Mas nas briguinhas era outra o assunto. Já eram conhecidas as calcinhas mais-para-tanga quase transparentes que apareciam quando ela abria o quimono quando surgia a idéia das lutinhas. Se eu achava esquisito? E quem sou eu para julgar a calcinha dos outros? E na saída muitas de nós éramos esperadas por maridos, namorados, noivos, até especiais amigos. Mas ninguém nunca se lembrou de ter visto Tatí desfilando com um ser de cueca ao lado. Isso gerava as conversas, será que ela é, como a cabeleira do Zezé? Olha, eu sou hiper-super-extra-de-esquerda-libertaríssima, votei no Plínio e adorei a propaganda de certo partido em que aparecia um casal gay. Se ela é ou não é, tou nem aí, como diz a canção boba.

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Eu ria a valer tomando uma Coca Zero e vendo uma engenheira casada de topless e uma acadêmica de psicologia com um conjuntinho sutiã-calcinha da Capricho no auge de uma lutinha, uma querendo esmagar os peitos da outra com os próprios, cada uma rindo e gemendo em proporção inversa à dor que sentiam. E veio Tatí, tanguinha de asa alta e bicos um tanto duros e róseos, querendo briga. Eram nove horas, academia esvaziando. Se fosse no dia anterior, seria diferente – meu namorado me esperara para conhecer motelzinho novo e senti a sua rigidez dentro de meu corpo durante duas horas e catorze minutos, com pouquinhos intervalos – é isso mesmo, meninos, se alguém pensava que eu tinha preservado minha pureza para você, pode tirar o cavalinho. É a vida, dura e cruel. E depois de uma noitada daquela, queria dar um intervalo em homem. Topei. Tatí cabelos estaqueados pretos na altura do ombro propôs que a vencida pagasse uma prenda, surpresa, no final. Topei, de novo. Não estava a fim de perder.

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Quase mudei de idéia na hora do acolchoado mesmo quando vi Tatí inteirinha, os amplos seios com uma marca bem definida de sutiã de biquíni pequenininho, os pés nus. Ela tinha uma tática vencedora: com prêmio de paciência, conseguia tirar a calcinha da adversária. E dava um jeito de encaixar as coxas na coxas da outra, até que encostava seus pelos levemente cor castanha nos pelos da outra. Aí era batata: Tatí sempre conseguia que a outra gozasse antes. Enquanto a adversária relaxava, avassalada pelas ondas de prazer, Tatí pulava sobre ela, apoiava os braços nos seios da outra equilibrando seu peso sobre os coitadinhos – e a dona dos ditos cujos pedia arrego.

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Estava decidida a não deixar Tatí usar essa estratégia e quando encontrei o corpo e senti o perfume de lavanda dos cabelos de minha adversária, deixei minha mão esquerda deslizar pelos pelinhos de sua coxa e encontrar a pecinha de poliamida verde que mal escondia o lugar onde minha amiga era mais mulher. Sem nenhum vestígio de piedade amassei o pano, transformei-o em tirinha e o puxei. Tatí piscou duas vezes e suspirou um par de ais, e confesso sem nenhuma vergonha que curti a dorzinha dela.

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Que não estava galinha-morta. Como vingança, Tatí cruzou os braços e pressionou-os contra meu peito, de forma que quanto mais eu a puxava, mais dor eu sentia. Acabei largando a tanguinha. Eu pensava num refresco mas Tatí transformou suas pernas em laço e me derrubou. Antes que pudesse pensar ela estava por cima de mim e senti algo áspero – eram os pelos de minha amiga, que como um raio jogara a tanga longe.

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Eu sabia a tática dela e estava decidida a não permitir, mas numa luta uma coisa é querer e outra é conseguir. Tatí conseguiu frustrar meus esforços de ficar por cima dela, e com uma mão livre conseguiu com paciência arrastar minha calcinha para o meio da coxa, depois para o joelho. Vendo que eu não conseguia mesmo impedir, decidi lutar como ele queria, e seja o que Deus quiser.

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- Vamos esfregar as xotas, Tatí.

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- Tudo bem – e me viu tirar a verde calcinha-tanga.

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Quando as duas que iam se encontrar se encontraram, senti por que Tatí ganhava sempre. Ela era quentinha, úmida como o colo de mamãe. Dava vontade de ficar ali para sempre. Mas eu sabia que aquela delícia era armadilha. Segurei um tornozelo dela e usando aquele apoio eu esfregava o mais rápido que podia, tentando forçar a boceta da minha amiga a gozar. Tatí era muito mais calma, e esfregava lento e ritmado, pressionando o corpo contra o meu, em contraste com meus movimentos afobadinhos.

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- Não vale, Tatí. Você tem experiência com mulher.

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- Descobriu minha arma secreta? – e riu sem parar de esfregar.

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Pensei em salgadinhos de rodoviária, pensei em discursos do ministro dos transportes, pensei até na careca de certo candidato derrotado. Pensei nas coisas mais sem graça que conheço mas não deu: sentia cada vez mais definida a fenda de minha amiga, e agora as duas já deslizavam uma na outra, as duas ensopadas de mel-de-mulher. Uma onda passou relaxando minhas coxas e uma gatinha lá perto miou duas vezes – e senti que o miado era meu. A danada conseguira fazer a minha gozar. Como raio Tatí cresceu por cima – eu instintivamente cobri meus bicos com os braços – mas aprendi da pior forma como é difícil fazer força quando se está gozando. Tatí conseguiu afastar um de meus braços e expôs um de meus pobres seios – que logo foi coberto pelo antebraço de minha adversária, que logo depois fez o mesmo com o outro e ficou apoiada só nas pontas dos pés e nos meus pobrezinhos, que sentiram o quanto pode ser pesada metade do peso de uma mulher de cinqüenta e três quilos.

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- Chega, Tatí. Perdi. Não agüento mais.

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Tatí desabou sobre mim rindo, os seios em cheio nos meus, me fazendo sentir os bicos rígidos.

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- Ufa garota, esse foi difícil! Desculpa a dor, tá?! – e era ria como ganhador de Mega-sena.

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- Não tem que se desculpar, disse eu tirando os seus cabelos que caíram sobre minha boca e sentindo meus seios latejarem docemente. – É luta. Vou fazer o mesmo com você na próxima.

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- Elas já devem ter te falado que eu gosto de mulher, não é? – disse mordendo o lábio, de súbito tímida.

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- E eu sou vascaína. Vamos, mulher, não quero saber da tua vida pessoal. Diz logo essa prenda que eu devo pagar.

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A essa altura só havia nós duas. Tatí me levou pela mão para um banquinho, sentou, me fez ajoelhar em frente a ela. Eu louca para saber o que eu devia fazer pela vencedora.

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Adivinha – disse, e afastou as coxas o mais que pôde.

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Adivinhei.

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Beijos, Bia

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6 comentários:

  1. Putsss!! Que fantasia sensacional... Que loucura de briguinha... Que delícia de texto...
    Sabe de uma coisa? Quero apanhar de todas, uma a uma...
    Beijos

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  2. Gratíssima, Luís! Quem sabe não realiza seu sonho?? eheh bjos, Bia

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  3. Corram todos, corram, o blog mais delicioso está de volta...

    Mantive FIELMENTE o endereço adicionado nos favoritos.

    Entrei seguidas vezes, após o encerramento para elaborar o luto da perda desse espaço.

    Feliz de vê-la novamente em ação. Só li o primeiro conto... teremos as peripercias de Bia e Ludwig???

    Espero que sim.

    Beijos ao casal

    Eros - Casal Eros e Psiquê Minas

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  4. Que texto maravilhoso,realmente envolvente,muito prazeroso de ler,parabéns.

    http://cafajestesedentarios.blogspot.com/

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  5. Fiquei MARAVILHADO com sua historia gostaria de saber onde fica essa academia e quando é a proxima briguinha para que eu possa te ajudar a vencer a tati ai quem paga prenda(rsrsrs) é ela e eu a ajudo.

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  6. O cantor Reginho tem um recado importante para quem deixou a camisinha de fora deste carnaval: http://bit.ly/foKnZH #fiquesabendo

    Conheça a Campanha contra a Aids deste Carnaval: www.camisinhaeuvou.com.br
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Seus comentários! Beijos, Beatriz.