segunda-feira, 8 de junho de 2009

VIZINHOS

Marcela ao se separar veio morar numa casa. Arquitetura moderninha, a área de estender roupa dava para o vizinho.

Um casal de pombinhos recém-casados ocupou a casa vizinha. Trocavam sorrisos com Marcela e pouco mais.

Tarde de sábado, estendia lençóis. Ouviu gemido. A garota se empenhava em afastar o mais possível os dois tornozelos. Na frente dela, o cara parecia ter mais de palmo e meio. Marcela decidiu que o mais digno seria sair. Ficou. O casalzinho fez mamãe-e-papai, de-quatrinho, coquetel-de-frutas de posições. Trocaram gritinhos-de-gozo.

Naquela noite Marcela deu conta: estava no seco havia seis meses e dezessete dias.

E o casalzinho tinha a força dos melados-de-lua. Um dia a garota resolveu praticar hipismo: Upa upa, cavalinho! e balançou a mão, laço imaginário. Aioôôôôôuuu Silver! e acelerava o galope.

O ver virou vício. Marcela circulava pela casa com ouvido hipersensível na casa vizinha, os horários muito regulares dos dois a ajudar tudo.

Noutra noite Marcela assistiu a um quase-crime: a garota vestida de Eva sentou-se sobre o seu Adão, também a caráter. E sentou-se sobre a cara dele, inteira, total peso, feliz como rainha, cruelmente se sentando sobre o rosto do dele sempre que o coitado fazia tentativa de respirar.

Dia seguinte, ritual de sempre, a calcinha da garota voando longe. Marcela vê ou começa a ver. Seus passos comandam, descem a escada, amassam as lajes da rua. A mão aperta a campainha. O sorriso da garota aparece, o mesmo do marido logo atrás.

- Entre – disse. – Estávamos à espera.

Um comentário:

  1. Adorei! Simples e muito erótico.

    A mente é muito gulosa e forte, o corpo cede e alimenta-a.

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Seus comentários! Beijos, Beatriz.