O marido - qual adolescente – pareceu redescobrir que tinha
dezesseis centímetros de prazer entre as pernas e passou a utilizá-los com frequência
admirável para enfiá-los inteiros na rachadura entre as coxas da esposa e
também na sua boquinha – ela se reacostumou a sentir a semente cálida em seus
amplos seios e também a invadir sua garganta, a fazê-la quase engasgar.
Muito bom mas não suficiente – descobriram. Sempre fora uma
fantasia dele, e ele nem sabia, e também dela, e ela só agora desconfiou. Os dezesseis
eram muito bons – mas eram necessários mais. E só se poderia obtê-los em outro.
No começo falavam entre risinhos, mas depois a sério. O
marido tomou posição: já que era para comer a mulher dele, não aceitaria menos
de vinte centímetros. E mais grosso que ele. A mulher tremeu um pouquinho ao
saber das dimensões mas decidiu não ser mole – ela seria uma mulher de verdade,
sem medo de tamanhos.
Descobriram o que todo casal descobre – o problema de um
segundo falo é que nenhum falo vem sozinho – todos vêm com um cara junto. E
achar o cara com o instrumento certo e que não vá dar problema depois é a
questão.
Mas quem quer mesmo acha um jeito, e o marido achou – vinte e três anos,
desencucado, marca forte de sol de bermuda de surfe, e principalmente – vinte e
um centímetros e meio com força total.
O de sempre, noite de quinta, suíte reservada no motel
melhor da cidade, o carro do casal a buzinar na porta de república onde o
carinha morava, ele desce, jeans surradão e blusa estampada.
No carro, as luzes velozes da BR, dava para ouvir as batidas
dos corações dos dois homens, de tão pesadas. Atrás, uma metamorfose – a mulher
estava na beira do acidente vascular cerebral – até o garotão entrar. No meio
dos trinta e dois minutos da viagem ela já achava o mais normal do universo
transar com dois homens – transa-se com um, transa-se com outro – o que tem de
mais? Sentia-se feliz de ter tido coragem de usar a cinta-liga por baixo do
vestido curtinho, e melhor ainda se tivesse trazido a fio-dental em forma de
coração.
E quando saiu do banheiro com a cinta-liga e o sutiã
transparente a cena a fez delirar: dois homens, um deles totalmente nu, o outro
de cuecas boxer, a esperavam. Ela
pensava no que fazer quando a natureza tomou a decisão e fez com que algo que
apontava o chão deixasse de fazê-lo, e se voltasse para ela, às golfadas mas
com firmeza, até apontar para ela, leve, orgulhoso.
Orgulhoso também ficou o marido com o efeito que sua
esposinha causava. A menos de trinta centímetros acompanhou fascinado a
transformação.
E seguiu-se o que se esperaria que se seguisse: os vinte e
um centímetros e meio afundaram no buraco da mulher casada. Sua larga cabeça
forçou a entrada pelo doce túnel, fazendo a proprietária dele torcer-se em
quase dor, até render-se de prazer. O falo visitou-a com a dona de quatro,
brincando de cavalinho, e até deitada, na posição de fazer filhinhos. E
apertado pelo calor molhado da periquita, não resistiu: ondas de iogurte quente
cobriram o umbigo dela, a camisinha arrancada no momento exato.
Foi no segundo tempo. Ela voltou da toalete, coração a bater
por um segundo assalto na luta, e viu a cena. O garotão, já recuperado da primeira
vitória, transformara-se em poste horizontal, pronto para nova briga. Ao lado
dele, as mãos do marido em forma de gancho tiravam-se a própria cueca boxer. Mesmo
diante do portento que era o garoto, o marido tinha um falo bastante
respeitável, pensou ela. Viu os bagos já bem conhecidos balançarem livres.
Por um instante uma ideia lhe passou de que o endurecimento
do marido não era aham bem por causa dela. O marido pegou o envelope – era ele
quem colocaria a camisinha no rapagão. O coração dela pulou uma batida. O marido
tocou o falo do cara – ligeiramente apontando para cima, a cabeça avermelhada. Como
quem tem todo o tempo do mundo, em vez de enfiar logo o plástico, o cinquentão passou
os dedos pela parte de baixo, como
sentir os vincos por baixo – e , muito natural, muito cuidadoso, e muito
macho, beijou o falo do rapaz. E não satisfeito, beijou de novo. E mais em
baixo. E em um segundo mais, a esposa não conseguia ver mais as bolas do garoto
– pois as mesmas se encontravam nas bochechas de seu esposo.
Em seguida o marido contemplava a cabeça, seus lábios a dois
centímetros dela – lábios que beijaram a cabeçona, uma, três, sete vezes –
beijos carinhosos e másculos, e que fizeram o garotaço revirar os olhos para o
teto, e fizeram a esposa pegar bem feminina na nuca do marido, a fazer-lhe um
doce movimento de vaivém, e dando seu apoio de mulher. Com a metade do falo de
outro macho enterrado na boca, o marido sorriu com os olhos para a mulher. Isso
era amor.
E a mão na nuca foi muito útil quando o jovem principiou a
gritar rouco – a esposa não deixou o marido afastar a cabeça enquanto o pouco
de falo que restava fora da boca do marido se contraía, e as bochechas deste
sentiam a carga. O garotão tirou sua arma meio amolecida, e a esposa com uma
mão impelia o ombro do marido para baixo, convidando-o a ficar mais um pouco, e
com a outra acariciava-lhe o pescoço e soprava: “engole!” Dois movimentos
firmes no gogó do marido e aquele vestígio de amor físico entre machos lhe
entrou pelo corpo. Era o fim.
E ao contrário do que ela pensava, depois que deixaram o
garotão, riram, brincaram e voltaram até cedo. Saindo de roupão do banho, o
guia da TV nas mãos, o marido disse: Ei, hoje vai passar O Poderoso Chefão II! Vamos assistir de novo??
Assistiram. Mas ela mal pôde se concentrar nas estripulias de
Dom Corleone. O que ela pensava é quando ela veria de novo a cena – o marido,
aquilo tudo, a boca.
Beijos, Beatriz